6sobre a 31ª Bienal
“Como falar de coisas que não existem”
O título da bienal por vir é uma falácia…
“Não existe o que não existe”
(RES, texto escrito em 24/06/2014 e publicado no site atelierdocentro.com.br)
“Nada virá do nada”
(Shakespeare, Rei Lear, citado por Bateson no livro “Mente e Natureza – A Unidade Necessária)
Muito já foi especulado acerca do “imaterial” na arte, e numa sociedade de premissas bem positivistas isso é no mínimo curioso. Uma instituição que pretende abordar o imaterial ou espiritual na arte precisaria antes de mais nada se problematizar num grau tão alto que espatifaria enquanto instituição e terminaria sem qualquer resultado, exposição, catálogo, lobby.
Se o não-existente existe, ele só pode então ser algo solapador e que varreria do mapa todo tipo de instituições e gregarismos…
Barthes fala deste termo, muito útil para problematizar instituições – “gregarismo”. Apelar para um título destes é gregário, é querer uma aproximação com a forma do Imaterial (se é que isso existe), mas não com o seu sentido intímo, visando um cacauzinho ali na linha do horizonte… Se quiséssemos ser radicais, é desrespeitar por completo tudo aquilo de que arte realmente se trata.
Mas não queremos ser radicais. A poeira é a poeira e ela passa longe do Imaterial da arte. Arte passa longe do Imaterial da arte. A melhor arte vai conseguir um cheirinho só, esquivo e inconclusivo, do Imaterial da arte. Foi sempre assim no Ocidente, onde há problemas e vontade de solucionar, angústia do pesquisador e ímpeto transcendente.
No Zen a coisa parece ser diferente. No Zen esse papo do que não existe é asneira total.
A arte contemporânea quase hegemônica celebrada pela Instituição não é nem Transcendentalista, nem Imanente (como o chá, o arco e flecha e a jardinagem tradicionais japonesas), mas sociológica – ou seja, gregária, pois se aproxima de outro campo, a Sociologia, para buscar sua legitimação mundana.
Arte ativista no grau mais honesto não poderia ser apresentada pelas Instituições, então arte ativista talvez seja o não-existente dessa estória toda…
A Galeria Casa da Xiclet não é Instituição, não quer apresentar o Imaterial, quer proporcionar espaço informal, declaradamente não-institucional, brasileiro, para manifestações artísticas e estéticas.O estético tudo abarca, então tomemos cerveja no seu pátio, escutemos uns LPs velhos, olhemos os visitantes errantes dessa estranha cidade que é São Paulo (também informal até na sua formalidade! desengonçada mesmo!)
Em “brasileiro” cabe uma nota de rodapé… onde eu estabeleceria contrastes, a la Hélio, entre Cultura Transcendente (Europa), Imanente (Japão Zen), e Brasileira (onde a principal característica não é o transcendentalismo europeu, apesar desse ser forte, mas a informalidade, o improviso, a desenvoltura em lidar com mudanças, incorporar a adversidade na sua chave positiva e até ativa, além, é claro, do esforço empreendido em manter as coisas SEMPRE informais – viva a Antropofagia que sacou isso tudo com tanta antecedência! Viva o Brasil!)
Lucas Rehnman (24 de Julho de 2014)
sobre a Bienal da Casa da Xiclet
“COMO FALAR DE PESSOAS QUE EXISTEM”
Tenho vontade de estudar mais profundamente a questão das residências. Bases históricas de quandos, ondes e comos foram, eram, e vieram a ser, as residências. Desde quando existe? É o que? Um suporte? Um meio? Um recurso? Uma instituição? Um ponto cego dentro da instituição? Espaço privado dentro de espaço público? Seja o que for, residência artística é um assunto de lastro filosófico.
André Sztutman (16 de Julho de 2014)
quem quiser expor na bienal da casa da Xiclet
leia o REGULAMENTO e se inscreva: https://casadaxiclet.com/bienal-2014-regulamento/
Datas das Exposições:
Exposição A : de 12 de setembro (abertura) a 21 de setembro de 2014 (encerramento)
Exposição B: de 26 de setembro (abertura) a 05 de outubro de 2014 (encerramento)
Exposição C: de 10 de outubro (abertura) a 19 de outubro de 2014 (encerramento)
Exposição D: de 24 de outubro (abertura) a 02 de novembro de 2014 (encerramento)
Exposição E: de 07 de novembro (abertura) a 16 de novembro de 2014 (encerramento)
Exposição F: de 21 de novembro (abertura) a 30 de novembro de 2014 (encerramento)
Exposição G: de 05 de dezembro (abertura) a 14 de dezembro de 2014 (encerramento)
***com festa de abertura e de encerramento.